domingo, 3 de novembro de 2013

TEATRO EXPRESSIONISTA. 2º SEMESTRE. 3º ANO.



O drama expressionista opôs-se à representação fidedigna da realidade própria do naturalismo, renunciando à imitação do mundo exterior e visando a refletir a essência das coisas, através de uma visão subjetiva e idealizada do ser humano. Os dramaturgos expressionistas visavam a fazer do teatro um mediador entre a filosofia e a vida, transmitirem novos ideais, renovar a sociedade moral e ideologicamente. Para isso realizaram uma profunda renovação dos recursos dramáticos e cênicos, seguindo o modelo estacional de Strindberg e perdendo o conceito de espaço e tempo, enfatizando por outro lado a evolução psicológica da personagem, que mais que indivíduo é um símbolo, a encarnação dos ideais de libertação e superação do novo homem que transformará a sociedade. São personagens tipificados, sem personalidade própria, que encarnam determinados roles sociais, nomeados pela sua função: pais, mães, operários, soldados, mendigos, jardineiros, comerciantes. O teatro expressionista pôs ênfase na liberdade individual, na expressão subjetiva, o irracionalismo e a temática proibida. A sua posta em cena buscava uma atmosfera de introspeção, de pesquisa psicológica da realidade. Utilizavam uma linguagem concisa, sóbria, exaltada, patética, dinâmica, com tendência ao monólogo, forma idônea de mostrar o interior do personagem. Também ganhou importância a gesticulação, a mímica, os silêncios, os balbucios, as exclamações, que cumpriam igualmente uma função simbólica. Igual simbolismo adquiriu a cenografia, outorgando especial relevância a luz e a cor, e recorrendo à música e até mesmo a projeções cinematográficas para potenciar a obra.125
O teatro foi um meio idôneo para a plasmação emocional do expressionismo, pois o seu caráter multiartístico, que combinava a palavra com a imagem e a ação, era ideal para os artistas expressionistas, fosse qual for a sua especialidade. Assim, além do teatro, naquela época proliferaram os cabarés, que uniam representação teatral e música, como em Die Fledermaus (O Morcego), em Viena; Die Brille (Os Óculos), em Berlim; e Die elf Scharfrichter (Os Onze Verdugos), em Munique. No teatro expressionista predominou a temática sexual e psicanalítica, talvez por influência de Freud, cuja obra A interpretação dos sonhos apareceu em 1900. Assim mesmo, os protagonistas costumavam serem seres angustiados, solitários, torturados, isolados do mundo e despojados de todo tipo de convencionalismo e aparência social. O sexo representava violência e frustração, a vida sofrimento e angustia.126
Os principais dramaturgos expressionistas foram Georg Kaiser, Fritz von Unruh, Reinhard Sorge, Ernst Toller, Walter Hasenclever, Carl Sternheim, Ernst Barlach, Hugo von Hofmannsthal e Ferdinand Bruckner. Cabe sublinhar também a figura do produtor e diretor teatral Max Reinhardt, diretor do Deutsches Theater, que se destacou pelas inovações técnicas e estéticas que aplicou à cenografia expressionista: experimentou com a iluminação, criando jogos de luzes e sombras, concentrando a iluminação num sítio ou personagem para captar a atenção do espectador, ou fazendo variar a intensidade das luzes, que se entrecruzam ou opunham. A sua estética teatral foi adaptada posteriormente ao cinema, sendo um dos traços distintivos do cinema expressionista alemão. Finalmente, caberia assinalar que no expressionismo se formaram duas figuras de grande relevância no teatro moderno internacional: o diretor Erwin Piscator, criador de uma nova forma de fazer teatro que denominou "teatro político", experimentando uma forma de espetáculo didático que aplicou mais tarde Brecht no Berliner Ensemble. Em 1927 criou o seu próprio teatro (Piscatorbühne), no que aplicou os princípios ideológicos e cênicos do teatro político. Bertolt Brecht foi o criador do "teatro épico", assim designado em contraste com o teatro dramático. Quebrou com a tradição do naturalismo e do neorromantismo, transformando radicalmente tanto o senso do texto literário quanto a forma de o espetáculo ser apresentado, e tentando que o público deixasse de ser um simples espectador-receptor para desenvolver um papel ativo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário