Teatro dos jesuítas - Século XVI
Nos
primeiros anos da colonização, os padres da chamada Companhia de Jesus
(Jesuítas), que vieram para o Brasil, tinham como principal objetivo a
catequese dos índios. Eles encontraram nas tribos brasileiras uma inclinação
natural para a música, a dança e a oratória. Ou seja: tendências positivas para
o desenvolvimento do teatro, que passou a ser usado como instrumento de
"civilização" e de educação religiosa, além de diversão. O teatro,
pelo "fascínio" da imagem representativa, era muito mais eficaz do
que um sermão, pôr exemplo.
As
primeiras peças foram, então, escritas pelos Jesuítas, que se utilizavam de
elementos da cultura indígena (a começar pelo caráter de "sagrado"
que o índio já tinha absorvido em sua cultura), até porque era preciso
"tocar" o índio, falando de coisas que ele conhecia. Misturados a
esses elementos, estavam os dogmas da Igreja Católica, para que o objetivo da
Companhia - a catequese - não se perdesse.
As peças
eram escritas em tupi, português ou espanhol (isso se deu até 1584, quando
então "chegou" o latim). Nelas, os personagens eram santos, demônios,
imperadores e, pôr vezes, representavam apenas simbolismos, como o Amor ou o
Temor a Deus. Com a catequese, o teatro acabou se tornando matéria obrigatória
para os estudantes da área de Humanas, nos colégios da Companhia de Jesus. No
entanto, os personagens femininos eram proibidos (com exceção das Santas), para
se evitar uma certa "empolgação" nos jovens.
Os
atores, nessa época, eram os índios domesticados, os futuros padres, os brancos
e os mamelucos. Todos amadores, que atuavam de improviso nas peças apresentadas
nas Igrejas, nas praças e nos colégios. No que diz respeito aos autores, o nome
de mais
destaque da época é o de Padre Anchieta . É dele a autoria de Auto de Pregação
Universal, escrito entre 1567 e 1570, e representado em diversos locais do
Brasil, pôr vários anos.
Outro
auto de Anchieta é Na festa de São Lourenço, também conhecido como Mistério de
Jesus. Os autos sacramentais, que continham caráter dramático, eram preferidos
às comédias e tragédias, porque eram neles que estavam impregnadas as
características da catequese. Eles tinham sempre um fundo religioso, moral e
didático, e eram repletos de personagens alegóricos.
Além dos
autos, outros "estilos teatrais" introduzidos pelos Jesuítas foram o
presépio, que passou a ser incorporado nas festas folclóricas, e os pastoris.
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