O Expressionismo na Europa
O Teatro expressionista é polemicamente antiibseniano, porque quer ser
anti-realista; dispensa a imitação da fala coloquial e dos ambientes familiares
no palco; fala em estilo poético ou declamatório e prefere cenários
fantásticos, que já não são mero fundo da ação teatral, mas participam dela
como se fossem personagens mudos.
Tudo isso não esta, porém, a serviço de um teatro poético, mas de
propaganda de idéias: em vez do individualismo quase anarquista de Ibsen, o
Socialismo e o Comunismo; em vez do ceptismo ibseniano, uma religiosidade
livre, mas esperançosa; em vez do feminismo de Ibsen, a luta dos sexos e das
gerações, o homem defendendo-se das mulheres e os filhos em revolta contra os
pais, atitudes apoiadas em teorias psicanalíticas. É um teatro revolucionário
e, ao memso tempo, fantástico.
O criador do teatro expressionista é o sueco Strindberg, que depois de
uma fase de naturalismo extremado caiu no extremo oposto, de teatro
simbólico-religioso. Sua influência, pouco sensível na França e na Inglaterra,
foi grande na Rússia e nos E.U.A., mas sobretudo na Alemanha. Ali já tinha,
independente do sueco, o ator Wedekind criado um teatro pré-expressionista, com
a luta dos sexos como tema principal e com a característica interpretação
fantástica de ambientes aparentemente reais. Depois de 1918, o Expressionismo
conquistou o teatro alemão. Suas figuras principais são Georg Kaiser
(1878-1945), de inesgotável força inventiva, mestre de sutil construção
dialética, e o revolucionário Ernest Toller (1893-1939); Sorge (1892-1916),
vítima da guerra, escreveu duas peças religiosa à maneira do último Strindberg.
Unrush (n.1885) e Hasenclever (1890-1941) atacaram a velha geração e o
militarismo. Já é pós-expressionista Zuckmayer (n.1896), de um alegre
radicalismo político. Na Dinamarca, Kaj Munk (1898-1944) combinou pietismo
religioso e veemente tendência anti-racista e antiditatorial. Um centro do
Expressionismo fantástico no teatro é a Bélgica: Ghelderode (n.1898) em língua
francesa; Herning Hensen (n.1917) em língua flamenga. Na Irlanda, onde Lady
Gregory tinha fundado o Abbey Theatre de Dublin como centro de cultura
dramática nacional, o grande representante do Expressionismo é O'Casey
(n.1884).
O Expressionismo nos E.U.A
Ao Expressionismo se deve a renascença do teatro nos E.U.A. Durante o
século XIX só houve (como na Inglaterra vitoriana) peças poéticas para a
leitura; os palcos estavam, ainda no começo deste século, dominaodos por homens
como Belasco e outros autores de dramalhões populares. A salvação veio dos amadores,
que se transformaram, aliás, com o sucesso, em atores profissionais. Assim os
Provincetown Players, em cujo primeiro caderno programático O'Neill declarou
sua dívida para com Strindberg e Wedekind. Foi o primeiro grande dramaturgo
norte-americano, o maior e - conforme a opinião de muitos críticos - já quase o
último, pois seus sucessores não lhe alcançaram a estatura nem sequer a
fecundidade. Clifford Odets (n.1906) só tinha sucesso enquanto cultivava, no
palco, a propaganda política.
Maxwell Anderson (n.1888) e Elemer Rice (n.1892) não cumpriram a
promessa das primeiras obras. Arthur Miller é um intelectual, em oposição à
mass culture e suas consequências políticas e sociais. Tennessee Willians
pertence ao movimento literário do sul dos E.U.A., com fortes interesses
psicológicos e psicopatológicos. Os teatros da Broadway voltaram a ser
dominados pela produção comercial, às vezes com verniz literário (S. Behrman,
Lillian Hellman, George S. Kaufman). Só Thornton Wilder mantém o alto padrão
literário do seu estilo expressionista, que uma crítica mal informada dessas
origens costuma confundir com Surrealismo. Entre as muitas ramificações do
teatro expressionista ainda merece menção um original autor em língua iídiche,
S. Anski (1863-1920), cujo drama místico O Dibuk foi representado em muitas
línguas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário