Artur Azevedo (A. Nabantino Gonçalves de
A.), jornalista, poeta, contista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de
julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de 1908.
Figurou, ao lado do irmão Aluísio de
Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde criou a
Cadeira n. 29, que tem como patrono Martins Pena.
Foram seus pais David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de
Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães, corajosa mulher que,
separada de um comerciante, com quem casara a contragosto, já vivia
maritalmente com o funcionário consular português à época do nascimento dos
filhos: três meninos e duas meninas. Casaram-se posteriormente, após a morte na
Corte, de febre amarela, do primeiro marido. Aos oito anos Artur já demonstrava
pendor para o teatro, brincando com adaptações de textos de autores como
Joaquim Manuel de Macedo, e pouco depois passou a escrever, ele próprio, as
peças que representava. Muito cedo começou a trabalhar no comércio. Depois foi
empregado na administração provincial, de onde foi demitido por ter publicado
sátiras contra autoridades do governo. Ao mesmo tempo lançava as primeiras
comédias nos teatros de São Luís. Aos quinze anos escreveu a peça Amor por
anexins, que teve grande êxito, com mais de mil representações no século
passado. Ao incompatibilizar-se com a administração provincial, concorreu a um
concurso aberto, em São Luís, para o preenchimento de vagas de amanuense da
Fazenda. Obtida a classificação, transferiu-se para o Rio de Janeiro, no ano de
1873, e logo obteve emprego no Ministério da Agricultura.
A princípio, dedicou-se também ao magistério, ensinando Português
no Colégio Pinheiro. Mas foi no jornalismo que ele pôde desenvolver atividades
que o projetaram como um dos maiores contistas e teatrólogos brasileiros.
Fundou publicações literárias, como A Gazetinha, Vida Moderna e O Álbum.
Colaborou em A Estação, ao lado de Machado de Assis, e no jornal Novidades, onde seus
companheiros eram Alcindo Guanabara, Moreira
Sampaio, Olavo Bilac eCoelho Neto. Foi um dos grandes defensores da abolição da
escravatura, em seus ardorosos artigos de jornal, em cenas de revistas
dramáticas e em peças dramáticas, como O Liberato e A família Salazar, esta
escrita em colaboração com Urbano Duarte, proibida pela censura imperial e
publicada mais tarde em volume, com o título de O escravocrata. Escreveu mais
de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre teatro,
nas seções que manteve, sucessivamente, em O País ("A Palestra"), no
Diário de Notícias ("De Palanque"), em A Notícia (o folhetim "O
Teatro"). Multiplicava-se em pseudônimos: Elói o herói, Gavroche,
Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista o trocista, e outros. A
partir de 1879 dirigiu, com Lopes Cardoso, a Revista do Teatro. Por cerca de
três décadas sustentou a campanha vitoriosa para a construção do Teatro
Municipal, a cuja inauguração não pôde assistir.
Embora escrevendo contos desde 1871, só em 1889 animou-se a reunir
alguns deles no volume Contos possíveis, dedicado pelo autor a Machado de Assis, que então era seu companheiro na
secretaria da Viação e um de seus mais severos críticos. Em 1894, publicou o
segundo livro de histórias curtas, Contos fora de moda, e mais dois volumes,
Contos cariocas e Vida alheia, constituídos de histórias deixadas por Artur de
Azevedo nos vários jornais em que colaborara.
No conto e no teatro, Artur Azevedo foi um descobridor de assuntos
do cotidiano da vida carioca, e observador dos hábitos da capital. Os namoros,
as infidelidades conjugais, as relações de família ou de amizade, as cerimônias
festivas ou fúnebres, tudo o que se passava nas ruas ou nas casas lhe forneceu
assunto para as histórias. No teatro foi o continuador de Martins Pena e
de França Júnior. Suas comédias fixaram aspectos da vida e da
sociedade carioca. Nelas teremos sempre um documentário sobre a evolução da
então capital brasileira. Teve em vida cerca de uma centena de peças de vários
gêneros e extensão (e mais trinta traduções e adaptações livres de peças
francesas) encenadas em palcos nacionais e portugueses. Ainda hoje continua
vivo como a mais permanente e expressiva vocação teatral brasileira de todos os
tempos, através de peças como A jóia, A capital federal, A almanarra, O
mambembe, e outras.
Outra atividade a que se dedicou foi a poesia. Foi um dos
representantes do Parnasianismo, e isso meramente por uma questão de
cronologia, porque pertenceu à geração de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac,
todos sofrendo a influência de poetas franceses como Leconte de Lisle,
Banville, Coppée, Heredia. Mas Artur Azevedo, pelo temperamento alegre e
expansivo, não tinha nada que o filiasse àquela escola. É um poeta lírico,
sentimental, e seus sonetos estão perfeitamente dentro da tradição amorosa dos
sonetos brasileiros.
Obra: Carapuças, poesia (1871); Sonetos (1876); Um dia de
finados, sátira (1877); Contos possíveis (1889); Contos fora da moda (1894);
Contos efêmeros (1897); Contos em verso (1898); Rimas, poesia (1909); Contos
cariocas (1928); Vida alheia (1929); Histórias brejeiras, seleção e prefácio de R. Magalhães Júnior (1962);
Contos (1973).
TEATRO: Amor por anexins (1872); A filha de Maria Angu (1876); Uma
véspera de reis (1876); Jóia (1879); O escravocrata, em colaboração com Urbano
Duarte (1884); A almanarra (1888); A capital federal (1897);
O retrato a óleo (1902); O dote (1907); O oráculo (1956); Teatro (1983).
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