segunda-feira, 16 de maio de 2011

IBSEN. 2.ANOS. 1.BIMESTRE.


Ibsen: um inimigo do povo

Henrik Ibsen o grande dramaturgo que veio da Escandinávia, morto em 1906, foi um dos revolucionários do teatro moderno na medida em que colocou em cena não um mundo idealizado, povoado de heróis e heroínas sobre-humanas, mas sim os sentimentos resultantes das desavenças comuns a maioria das pessoas da classe média do tempo dele.

Deste modo foi considerado o Shakespeare do drama moderno, superando o dualismo existente entre o artificial (o que se passava no placo) e a realidade (a vidas secreta das pessoas da platéia), tornando a representação dos verdadeiros dramas íntimos dos seus personagens tão interessante como antes, em épocas anteriores, fora o artificial.

O jardim Stockmann

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H.Ibsen (1828-1906)

"Vida significa lutar com os fantasmas no próprio cérebro e coração"
(H. Ibsen)

Poucos dramaturgos do século passado nasceram num lugar tão apropriado para estimular a fantasia como Henrik Ibsen. Vindo ao mundo em 20 de março de 1828, numa família de comerciantes bem sucedidos, sua casa avizinhava-se com a Igreja, com o local dos castigos públicos, com a prisão municipal e ainda com um asilo de loucos! Situava-se bem no centro da pequena cidade de Skien (pronuncia-se Schien) na Noruega, onde o autor cresceu freqüentando o mercado, chamado de Stockmanns Gaard (O Jardim Stockmann).

Durante toda a sua infância ele passou ouvindo o pregão das vendedoras, dos peixeiros e dos ambulantes que nele circulavam. Aquelas vozes, toda aquela polifonia popular diária iria servir-lhe como matéria-prima para suas peças naturalistas que encantarão e espantarão a Europa durante 50 anos.

Ao darem-se os extraordinários acontecimentos da Revolução de 1848, ele sentiu que o drama romântico, artificiosamente sentimental , estava morto. Seria a sua pena a serviço da observação psicológica quem doravante mostraria o caminho a ser seguido. Convicto disso inundou os palcos com atrações bombásticas.

O dr. Stockmann entre em cena

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O mercado de Skien

Entre elas a afamada En Folkefiende, "Um Inimigo do Povo", escrita por ele numa viagem que se iniciou em Roma, em 1882, e terminou nas montanhas do Tirol. Uma peça que, desde então, provocou muita celeuma. Para os marxistas e para os rousseaunianos em geral, Ibsen, ao tomar a posição do herói solitário contra o resto da sociedade, pareceu-lhes assumir um perfil reacionário.

Para outros, porém, é a exacerbação do individualismo burguês, onde um só homem está com a razão enquanto todos os demais marcham com o passo errado. Aos que têm sensibilidade romântica, o bravo dr. Stockmann personagem central da trama, representa o último herói soterrado pela crescente sociedade-massa. Sejam quais forem as interpretações é necessário fazer-se um ligeiro retrospecto dos antecedente que levaram Ibsen a escrevê-la.

Fascinado pelo naturalismo

Fascinado pelo naturalismo, Ibsen começou, cada vez mais, a explorar em suas peças temas considerados tabu pela moralidade vitoriana da época em que viveu. Em 1879, havia estreado "Casa das Bonecas" na qual a personagem principal, Nora, uma esposa tradicional, abandona o marido , um tal de Torvald, quando descobre a extensão da fraqueza do seu caráter.

O público ficou indignado mas maravilhado pela dinâmica da peça. Em oposição ao comportamento de Nora, na peça seguinte, chamada "Espectros", uma mulher casada termina por conformar-se em cuidar do marido, um sifilítico que adquirira a doença em evidente adultério. Foi uma tempestade. Ninguém enalteceu aquela abnegada esposa, mas, em uníssono, enfureceram-se por ele ter tido a ousadia de abordar no palco as mazelas decorrentes de uma doença venérea.

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