O Teatro Oficina é considerado, pelo
Estado, pela classe artística e pelo público de teatro, um patrimônio cultural
Brasileiro, por sua capacidade de autotransformação e resistência às constantes
mudanças sociocultural e política deste país, desta forma contribuindo para uma
sociedade mais justa.
Foi em São Paulo, na Faculdade
de Direito do Largo de São Francisco, que o Grupo Oficina se organizou, em
1958, para começar a trilhar um caminho de fomento às artes de uma forma geral,
pois em sua trajetória até os dias atuais possui em seu vasto currículo
trabalhos de teatro, cinema, televisão, música, cursos, seminários, debates,
festas, comerciais, jornais, livros, comícios e passeatas.
O Oficina buscou sempre assumir uma postura crítica
diante dos fatos da realidade, lutando contra os valores e as mistificações
sacralizados pela classe média. Um de seus mais importantes fundadores foi José
Celso Martinez Correra - Zé Celso (1937), que na comemoração de cinqüenta anos
do Oficina ainda trabalha com um teatro crítico e investigativo. A estréia do
grupo foi em sua nova sede, no bairro do Bexiga, em São Paulo, num prédio que
anteriormente era utilizado por um grupo de teatro espírita, na rua Jaceguai,
nº 520, Local do “Teatro Novos Comediantes”. Até o surgimento do Oficina, a
referência de produção teatral naquele momento, era o “TBC - Teatro Brasileiro de
Comédia”, que não possuía a prática de utilizar autores e encenadores
nacionais.
Em 1961, quando o grupo Oficina se profissionalizou,
foi se transformando numa companhia teatral de renome nacional e internacional.
Porém essa profissionalização não lhe deixou inerte diante da “estrutura do
teatro profissional”, buscando alternativas de trabalho baseado na produção
coletiva. Atualmente, o espaço do Oficina tem sido administrado pelo grupo Uzyna
Uzona, pois recebeu do governo estadual a permissão de uso indeterminado.
Uma de suas resistências foi se manter ativo após
ter seu prédio destruído por um incêndio em 1966, como a Fênix da mitologia
grega. E a outra, foi continuar trabalhando após promulgação do Ato
Institucional nº 05 (AI-5), que devastou a vida cultural e econômica
do país. Ao retomar as atividades após o incêndio, a razão social do grupo
passa a ser “Sociedade Civil Cultural Teatro Oficina”, tendo como associados
Fernando Peixoto, José Celso, Renato Borghi, Etty Fraser, e Ítala Nandi.
O Teatro Oficina vem contribuindo até os dias
atuais para o panorama cultural brasileiro, pois foi nessa intenção que sua
história se fez marcada por estudos, uso de técnicas, remontagens, e releituras
de Constantin Stanislavski, Bertolt Brecht, Jerzy Grotowsky, e
Antonin Artoud, entre outros teóricos e autores de diferentes épocas e
nacionalidade, incluindo os brasileiros.
Quando o “Tropicalismo”, movimento de vanguarda
brasileiro da década de sessenta, começa a influenciar diferentes grupos e
artistas, o Oficina, com Zé Celso à sua frente, persegue uma cultura de resistência,
combatendo a indústria da massificação, do comportamento pelo show-business e
da padronização do gosto. A representação do Tropicalismo se deu no Teatro
Oficina com a estréia de “O Rei da Vela”, em 1967, atuada por outro fundador,
Renato Borghi. O Manifesto Antropofágico (1928) de Oswald de Andrade, autor de
“O Rei da Vela”, foi que serviu de suporte para a estética tropicalista. Outros
grupos de teatro seguiam paralelo à trajetória do Oficina com propostas
parecidas, em todo o Brasil, como: o Teatro de Arena em São paulo, o Grupo
Opinião no Rio de Janeiro, o Teatro popular do Nordeste em recife, o Teatro de
Equipe em Porto Alegre, o Centro Popular de Cultura da UNE e seus co-ligados em
todo o país, entre outros.
Em 1982,
após muitos conflitos judiciais e ameaças de despejo, o prédio do Oficina, cuja
arquitetura é da italiana, radicada no Brasil, Lina Bo Bardi,
a mesma arquiteta do MASP-SP, foi tombado pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico.
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