domingo, 22 de abril de 2012

DIRIGIR E DELEGAR. TODOS OS ANOS.

DIRIGIR E DELEGAR

O cinema é a somatória de informações, sensibilidades, pontos de vista e ideias de uma grande equipe que trabalha por um mesmo objetivo: fazer um filme. A filmagem começa muito, muito antes do set de filmagem.

Primeiro, vem a ideia – que pode ou não sair da cabeça do diretor. Depois, vem a redação do roteiro, feita por um roteirista, pelo próprio diretor ou por uma parceria entre os dois. Quando o roteiro entra em processo de virar imagem, há um encontro no qual o diretor lê sua história para todos os chefes da equipe – diretor de arte, diretor de fotografia, assistente de direção, produtor, técnico de som – e explica o conceito do filme, cena a cena. Nessa reunião, chamada análise técnica, o diretor abre seu baú, mostra suas referências, e cada núcleo começa a desempenhar sua função.

A partir daqui, pensando no grande organismo vivo que é a realização cinematográfica, podemos dizer que a equipe corresponde aos braços, aos olhos e aos ouvidos do diretor, que precisa escolher e juntar todas as informações, em nome da unidade da obra. Essa soma de esforços e olhares, quando bem direcionada, aprofunda e enriquece o processo de trabalho e o resultado final.

De posse de todas as informações e possibilidades apresentadas pela equipe, o diretor precisa decidir o que funciona e o que não funciona. Precisa estar preparado para responder a todas as dúvidas em relação ao filme que possam surgir, em todas as etapas da produção. No set, isso é amplificado e, cercado por toda a equipe, o diretor precisa ter muita presença de espírito, raciocínio rápido e domínio da temática que está abordando para que o barco não saia do rumo e naufrague mais adiante.

É preciso estar atento a tudo o que acontece no set, locação ou estúdio. Saber ouvir as sugestões do fotógrafo e do diretor de arte. Ter controle sobre o tempo e tomar decisões rapidamente. Além disso, o diretor precisa administrar o clima no set, passando confiança, tranquilidade e harmonia para toda a equipe – afinal, com um bom processo de trabalho, a chance de realizar um bom filme aumenta consideravelmente.

É cada vez mais rara a figura do diretor centralizador, genioso, que escraviza a equipe em nome de suas ideias, que sangra os atores para obter atuações intensas, que transforma a vida dos parceiros de trabalho num inferno. Na contramão dessa figura estereotipada, o diretor que ganha espaço, nos dias de hoje, é aquele que oferece boas referências para que sua equipe trabalhe com autonomia e contribua no processo de criação. É aquele que administra o set de filmagem conhecendo e respeitando o outro, buscando sempre aproveitar o que cada pessoa tem para oferecer de melhor. É aquele que acompanha a montagem e a sonorização sempre aberto a um olhar especializado e criativo dos profissionais dessas áreas.

Liderar uma equipe com essa consciência e generosidade talvez seja a atribuição mais importante de um diretor de cinema.

Texto: Henry Grazinoli
Consultoria de conteúdo: Laís Bodanzky

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