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O Teatro de Martins Pena MARTINS PENA (1815-1848) VIDA: Nasceu no Rio de Janeiro, numa família sem posses. Órfão de pai, foi encaminhado pelos tutores à vida comercial. Ainda jovem freqüentou a Academia de Belas Artes, estudando desenho, arquitetura e música. Em 1838, teve sua primeira comédia (O juiz de paz na roça) encenada pela célebre companhia teatral de João Caetano. Neste mesmo ano ingressou no serviço diplomático, exercendo várias funções cargos até atingir a posição de adido. Enviado para Londres, em 1847, acabou contraindo tuberculose. Morreu no ano seguinte, em Lisboa quando retornava ao Brasil. Apesar de falecer com apenas 33 anos, Luís Carlos Martins Pena escreveu 20 comédias e seis dramas. OBRAS PRINCIPAIS: Comédias: O juiz de paz na roça (1842); Os três médicos (1845); O judas em sábado de aleluia (1846); O diletante (1846); Quem casa quer casa (1847); O noviço (1853); Os dois ou o inglês maquinista (1871). No conjunto, as comédias são superficiais e ingênuas, os tipos humanos são esboçados de forma primária e as tramas pecam, às vezes, pela falta de coerência e verossimilhança. Mesmo assim, estas peças apresentam tal vivacidade nas situações e no registro dos costumes e tamanha espontaneidade nos diálogos que ainda hoje ainda podem ser lidas ou assistidas com prazer. TEMAS E SITUAÇÕES PRINCIPAIS Algumas comédias são sátiras aos costumes rurais, revelando os hábitos curiosos, a fala simples e a extrema candura que delimitam os seres da roça. Estes são criaturas broncas e rústicas, ainda mais quando comparadas aos homens da capital, requintados e espertos. Porém os caipiras têm, com freqüência, melhor índole que os tipos da Corte. Até os pequenos corruptos, como o juiz de O juiz de paz na roça, não deixam de possuir uma certa inocência simpática. Martins Pena não teve seguidores diretos, exceção talvez a Artur Azevedo. Contudo, o teatro de costumes, um teatro semipopular, sem grandes pretensões estéticas, continuou existindo como única veia autêntica do palco nacional, no século passado. O NOVIÇO Uma das poucas peças de Martins Pena em três atos, O noviço gira em torno da pérfida ação de Ambrósio que se casa por interesse comFlorência, rica viúva, mãe da jovem Emília, do menino Juca e tutora do sobrinho Carlos, este o personagem principal da peça O vilãoAmbrósio já havia convencido a mulher a colocar Carlos (o noviço) em um seminário. Agora quer também internar Emília em um convento, pois ela se encontra em idade de casar e teria de receber um dote significativo da mãe. Igual destino aguarda o menino que deve se tornar frade. Assim, Ambrósio ficaria com toda a fortuna de Florência. Carlos, no entanto, foge do convento e esconde-se na casa da tia, já que quer fazer carreira militar e, sobretudo, desposar a prima Emília, por quem está apaixonado. O acaso o ajuda na luta contra Ambrósio: vinda do Ceará, surge Rosa, a primeira mulher do vilão e da qual ele não se separara oficialmente. Rosa conta a Carlos que o seu marido desaparecera com todo o dinheiro que ela possuía. OS DOIS OU O INGLÊS MAQUINISTA Mariquinha e seu primo Felício se amam, mas como este é pobre não há possibilidade de casamento. A moça é cortejada por outros dois homens: Negreiro, um traficante de escravos, e Gainer, um inglês espertalhão. A crítica operada contra os dois personagens – ambos desejosos de obter a fortuna pessoal da jovem mediante o casamento – parece transcender à banalidade das tramas de Martins Pena. Funciona como metáfora da própria realidade nacional, dominada no plano econômico pelos traficantes e pelo capital inglês. À chegada do pai de Mariquinha, a quem todos julgavam morto, soma-se o conflito entre o inglês e o traficante (outra metáfora da história do Brasil da época?), permitindo a revelação dos caracteres degradados dos dois pretendentes. Assim, Mariquinha e o primo Felício podem efetivar a relação amorosa, como se o brasileiro simbolicamente tomasse posse da riqueza da nação. LEITURA SUPLEMENTAR Magaldi, Sábato. Panorama do teatro brasileiro. Rio de Janeiro, Funarte, s/d., 2ª.ed. |
segunda-feira, 25 de abril de 2011
2.ANOS. 2.BIMESTRE. TEATRO DE MARTINS PENA E A COMÉDIA DE COSTUMES.
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