domingo, 27 de outubro de 2013

ORIGEM DO TEATRO. 1º ANO.



O teatro  teve sua origem no século VI a.C., na Grécia, surgindo das festas dionisíacas realizadas em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho, do teatro e da fertilidade. Essas festas, que eram rituais sagrados, procissões e recitais que duravam dias seguidos, aconteciam uma vez por ano na primavera, períodos em que se fazia a colheita do vinho naquela região.
O teatro grego  que hoje conhecemos surgiu, segundo historiadores, de um acontecimento inusitado. Quando um participante desse ritual sagrado resolve vestir uma máscara humana, ornada com cachos de uvas, sobe em seu tablado em praça pública e diz: “Eu sou Dionísio!”. Todos ficam espantados com a coragem desde ser humano colocar-se no lugar de um deus, ou melhor, fingir ser um deus, coisa que até então não havia acontecido, pois um deus era para ser louvado, era um ser intocável. Este homem chamava-se Téspis, considerado o primeiro ator da história do teatro ocidental.
Ele arriscou transformar o sagrado em profano, a verdade em faz-de-conta, o ritual em teatro, pela primeira vez, diante de outros, mostrou que poderíamos representar o outro. Este acontecimento é o marco inicial da ação dramática.
Paralelos a este acontecimento sociocultural, vão surgindo os prédios teatrais gregos, que eram construções ao ar livre, formadas em encostas para facilitar o escalonamento das arquibancadas. O prédio teatral grego era formado, basicamente, da seguinte estrutura: arquibancada, orquestra, thumelê, proscênio e palco.
A arquibancada era feita de pedras e sua utilização pelos cidadãos gregos era democrática, dali todos podiam assistir com a mesma qualidade de visão as tragédia, comédias e sátiras. A orquestra era o espaço central circular onde o coro, formado por dançarinos, se apresentava. O thumelê era uma pedra fincada no centro da orquestra destinada as oferendas para o deus Dionísio. O proscênio destinava-se ao corifeu, líder do coro, era o espaço entra o palco e a orquestra, e o palco, construído inicialmente de madeira e mais tarde em pedra, era o espaço destinado à exposição dos cenários e para troca de figurinos e máscaras. Podemos encontrar diferentes vestígios desta cultura artística em nosso teatro contemporâneo, bastando um estudo aprofundado por diferentes olhares estéticos.

TEATRO PRIMITIVO. 1º ANO.



O teatro surgiu a partir do desenvolvimento do homem, através das suas necessidades. O homem primitivo era caçador e selvagem, por isso sentia necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva. O teatro primitivo era uma espécie de danças dramáticas coletivas que abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de ritual de celebração, agradecimento ou perda. Estas pequenas evoluções deram-se com o passar de vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela. Os mitos começaram a evoluir, surgem danças miméticas.
Com o surgimento da civilização egípcia os pequenos ritos tornaram-se grandes rituais formalizados e baseados em mitos. Cada mito conta como uma realidade veio a existir. Os mitos possuíam regras de acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história do mito em ação, ou seja, em movimento. Estes rituais propagavam as tradições e serviam para o divertimento e a honra dos nobres. Na Grécia sim, surge o teatro. Surge o “ditirambo”, um tipo de procissão informal que servia para homenagear o deus Dioniso (deus do Vinho). Mais tarde o “ditirambo” evoluiu, tinha um coro formado por coreutas e pelo corifeu, eles cantavam, dançavam, contavam histórias e mitos relacionados a Deus. A grande inovação deu-se quando se criou o diálogo entre coreutas e o corifeu. Cria-se assim a acção na história e surgem os primeiros textos teatrais. No início fazia-se teatro nas ruas, depois tornou-se necessário um lugar. E assim surgiram os primeiros teatros.

TEATRO OPINIÃO. 3º ANO.



Grupo carioca que centraliza, nos anos 1960, o teatro de protesto e de resistência, núcleo de estudos e difusão da dramaturgia nacional e popular.
Imediatamente após o golpe militar de 1964, um grupo de artistas ligados ao Centro Popular de Cultura da UNE - CPC (posto na ilegalidade) reúne-se com o intuito de criar um foco de resistência à situação. É então produzido o show musical Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia), cabendo a direção a Augusto Boal, do Teatro de Arena paulistano. A iniciativa conhece o sucesso instantâneo, que contagia diversos outros setores artísticos (uma exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, denominada Opinião 65, surge em decorrência), e aglutina artistas dispersos ligados aos movimentos de arte popular. O show se apresenta no Rio de Janeiro, estreando em 11 de dezembro de 1964, e marca o nascimento do grupo, que virá a se chamar Opinião.
No ano seguinte, aproveitando o impulso do show anterior Millôr Fernandes e Flávio Rangel criam Liberdade, Liberdade, roteiro com cenas de peças, poemas e canções. Destacam-se no elenco Paulo Autran, Tereza Raquel, Oduvaldo Vianna Filho e Nara Leão. A montagem torna-se também um grande sucesso.
Oficialmente estruturado como empresa em 1966 por Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho, Teresa Aragão, Paulo Pontes, Pichin Plá, João das Neves, Armando Costa e Denoy de Oliveira, o Opinião lança Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho. Espetáculo farsesco e irreverente, baseado na tradicional cultura nordestina, tem direção de Gianni Ratto e conta no elenco, entre outros, com Agildo Ribeiro, Odete Lara, Oswaldo Loureiro, Jofre Soares e Marieta Severo. Enfoca a luta de classes enfatizando a fraqueza ética de todas elas.
Desde sua fundação, o Opinião privilegia a arte popular e abre espaço para shows com compositores das escolas de samba cariocas, influindo não apenas na a mudança de gosto do público como, facilitando a disseminação da cultura periférica nos grandes centros de divulgação cultural. Assembléias, reuniões e demais manifestações de protesto da categoria teatral faziam do Opinião seu epicentro, nos primeiros anos após o golpe militar.
A montagem seguinte, A Saída? Onde Fica a Saída?, uma adaptação de Frederick Cock, em 1967, trata da guerra do Vietnã. O diretor João das Neves emprega o esquema Sistema Coringa, criado pelo Teatro de Arena, para colocar em cena as perplexidades e expectativas criadas frente ao conflito no Extremo Oriente. Célia Helena e Oduvaldo Vianna Filho destacam-se no elenco.
Entre 1966 e 1967, o grupo dedica-se a um seminário interno de dramaturgia, na tentativa de encontrar novos modelos dramatúrgicos para flagrar a nova realidade instaurada pelo regime militar. Nele, são discutidas obras como Moço em Estado de Sítio, de Oduvaldo Vianna Filho, Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória, de Ferreira Gullar e Dias Gomes e O Último Carro, de João das Neves, montadas posteriormente em contextos diversos.
Em 1967, ocorrem desentendimentos internos e Vianinha e Paulo Pontes desligam-se do grupo, para fundar o Teatro do Autor; aos poucos outros integrantes vão igualmente se afastando.
Os quatro anos de fundação são comemorados, em 1968, com uma discreta montagem de Antígone, de Sófocles, por iniciativa de João das Neves.
Com o esfacelamento do coletivo de artistas, em 1969, resta a sala de espetáculos, que passa a ser alugada para produções independentes e shows musicais. Em 1970, ocorre um Concurso de Dramaturgia, vencido por Aldomar Conrado com O Sol sob o Pântano, montada no ano seguinte. Leituras dramáticas e novos shows musicais, com destaque para Milton Nascimento e MPB-4, ocupam a sala, para arrecadar fundos e mantê-la em funcionamento. Se Eu Tivesse Meu Mundo, um show-espetáculo de Sérgio Ricardo, é montado por João das Neves, em 1973.
Essa precária sobrevivência mantém-se até 1976, quando novamente João das Neves, com uma surpreendente cenografia de Germano Blum e trilha sonora de Rufo Herrera, monta seu texto O Último Carro.
Após grande sucesso no Rio de Janeiro, a montagem é levada para a 14ª Bienal Internacional de São Paulo, onde repete o êxito carioca e recebe o Grande Prêmio da Bienal, em 1977. Para a encenação são construídas réplicas de quatro vagões de trens, colocadas uma em cada parede, a platéia é acomodada no espaço vazio formado no centro. É possível assim acompanhar a ação, muitas vezes simultânea nos quatro vagões, que reúne uma grande quantidade de personagens pobres, anônimos, sofridos, embarcados na composição que perde o maquinista e ruma, sem esperança, para algum incógnito destino.
João das Neves viaja para a Alemanha, onde desenvolve projetos ligados a peças radiofônicas e novos formatos dramatúrgicos. Já no Brasil, após uma ampla pesquisa junto a populações carentes reúne o material e dá-lhe forma cênica, em Mural Mulher, em 1979. As atividades tornam-se, nos anos seguintes, cada vez mais esporádicas. O diretor, último remanescente dos fundadores do Opinião, desfaz-se do teatro em 1983.
Em seus melhores momentos, o Opinião não apenas centraliza a generalizada indignação da classe artística contra a Censura e a ditadura mas também luta, com os meios disponíveis, para implantar uma nova consciência cênica brasileira,  apoiando a dramaturgia que enfoca as classes populares e suas condições de existência.

O TEATRO OFICINA. 3º ANO.



O Teatro Oficina  é considerado, pelo Estado, pela classe artística e pelo público de teatro, um patrimônio cultural Brasileiro, por sua capacidade de autotransformação e resistência às constantes mudanças sociocultural e política deste país, desta forma contribuindo para uma sociedade mais justa.
Foi em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que o Grupo Oficina se organizou, em 1958, para começar a trilhar um caminho de fomento às artes de uma forma geral, pois em sua trajetória até os dias atuais possui em seu vasto currículo trabalhos de teatro, cinema, televisão, música, cursos, seminários, debates, festas, comerciais, jornais, livros, comícios e passeatas.
O Oficina buscou sempre assumir uma postura crítica diante dos fatos da realidade, lutando contra os valores e as mistificações sacralizados pela classe média. Um de seus mais importantes fundadores foi José Celso Martinez Correra - Zé Celso (1937), que na comemoração de cinqüenta anos do Oficina ainda trabalha com um teatro crítico e investigativo. A estréia do grupo foi em sua nova sede, no bairro do Bexiga, em São Paulo, num prédio que anteriormente era utilizado por um grupo de teatro espírita, na rua Jaceguai, nº 520, Local do “Teatro Novos Comediantes”. Até o surgimento do Oficina, a referência de produção teatral naquele momento, era o “TBC - Teatro Brasileiro de Comédia”, que não possuía a prática de utilizar autores e encenadores nacionais.
Em 1961, quando o grupo Oficina se profissionalizou, foi se transformando numa companhia teatral de renome nacional e internacional. Porém essa profissionalização não lhe deixou inerte diante da “estrutura do teatro profissional”, buscando alternativas de trabalho baseado na produção coletiva. Atualmente, o espaço do Oficina tem sido administrado pelo grupo Uzyna Uzona, pois recebeu do governo estadual a permissão de uso indeterminado.
Uma de suas resistências foi se manter ativo após ter seu prédio destruído por um incêndio em 1966, como a Fênix da mitologia grega. E a outra, foi continuar trabalhando após promulgação do Ato Institucional nº 05 (AI-5), que devastou a vida cultural e econômica do país. Ao retomar as atividades após o incêndio, a razão social do grupo passa a ser “Sociedade Civil Cultural Teatro Oficina”, tendo como associados Fernando Peixoto, José Celso, Renato Borghi, Etty Fraser, e Ítala Nandi.
O Teatro Oficina vem contribuindo até os dias atuais para o panorama cultural brasileiro, pois foi nessa intenção que sua história se fez marcada por estudos, uso de técnicas, remontagens, e releituras de Constantin Stanislavski, Bertolt Brecht, Jerzy Grotowsky, e Antonin Artoud, entre outros teóricos e autores de diferentes épocas e nacionalidade, incluindo os brasileiros.
Quando o “Tropicalismo”, movimento de vanguarda brasileiro da década de sessenta, começa a influenciar diferentes grupos e artistas, o Oficina, com Zé Celso à sua frente, persegue uma cultura de resistência, combatendo a indústria da massificação, do comportamento pelo show-business e da padronização do gosto. A representação do Tropicalismo se deu no Teatro Oficina com a estréia de “O Rei da Vela”, em 1967, atuada por outro fundador, Renato Borghi. O Manifesto Antropofágico (1928) de Oswald de Andrade, autor de “O Rei da Vela”, foi que serviu de suporte para a estética tropicalista. Outros grupos de teatro seguiam paralelo à trajetória do Oficina com propostas parecidas, em todo o Brasil, como: o Teatro de Arena em São paulo, o Grupo Opinião no Rio de Janeiro, o Teatro popular do Nordeste em recife, o Teatro de Equipe em Porto Alegre, o Centro Popular de Cultura da UNE e seus co-ligados em todo o país, entre outros.
Em 1982, após muitos conflitos judiciais e ameaças de despejo, o prédio do Oficina, cuja arquitetura é da italiana, radicada no Brasil, Lina Bo Bardi, a mesma arquiteta do MASP-SP, foi tombado pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico.

MARTINS PENA. 2ºANO.



Luís Carlos Martins Pena nasceu no dia 05 de novembro de 1815 no Rio de Janeiro (RJ). Seu pai era desembargador e não tinha muitas posses. Ficou órfão muito cedo, com apenas um ano, de pai e aos dez anos, de mãe. Seu padrasto, o militar Antônio Maria da Silva Torres, deixou-o sob tutela, após a morte da esposa em 1825 durante o parto da filha.

Sob orientação dos tutores, ingressou na carreira comercial e concluiu em 1835, aos vinte anos, o curso de Comércio. Estudou, ainda, literatura, teatro, desenho, música, arquitetura, história, além do estudo de outras línguas. Este último foi responsável pelo ingresso do autor na carreira diplomática, o que o levou a Londres. Na viagem de volta ao Brasil, o autor sofreu complicações da tuberculose em Lisboa e faleceu aos 7 dias de dezembro de 1848 em Lisboa (Portugal).

Martins Pena é considerado o consolidador do teatro no Brasil com suas comédias de costumes que até hoje são representadas.
A primeira representação de uma peça do autor foi em outubro de 1838, a peça era “O juiz de paz na roça”, no Teatro São Pedro.

Ao passo que se despontava como escritor de peças teatrais, exercia diversos cargos no Ministério dos Negócios Estrangeiros, inclusive como agregado à Legação do Brasil em Londres (Inglaterra).

Além de fundador da comédia de costumes no Brasil, escreveu outros gêneros como farsas e dramas e contribuiu no Jornal do Commercio como crítico teatral.

Sua obra consta do período anterior ao Romantismo, mas é considerado como teatro romântico. Suas peças brincavam com os costumes na época do rei, com personagens populares, como que tiradas das ruas do Rio de Janeiro e colocadas no papel: malandros, moças com ânsias em casar, juízes, estrangeiros, jovens pomposos, velhas solteiras, funcionários públicos, meirinhos, contrabandistas, etc. O âmbito social e o enredo escolhidos por Martins Pena também refletia os da época casamentos, festas na roça, festas da cidade, decisão de herança, pagamento de dotes, e assim por diante.

Martins Pena, com certeza, ofereceu uma identidade ao teatro brasileiro, dando ao mesmo cunho histórico, uma vez que retratava a própria sociedade brasileira da primeira metade do século XIX.

Obras: Um Sertanejo na Corte (1833-37), O Juiz de Paz da Roça (1842), O Judas em Sábado de Aleluia (1846), O Cigano (1845), As Casadas Solteiras (1845), O Noviço (1845), O Namorador ou A Noite de São João (1845), O Caixeiro da Taverna (1845), Os Meirinhos (1845), Os Ciúmes de um Pedestre ou O Terrível Capitão do Mato (1846), Os Irmãos das Almas (1846), O Diletante (1846), Quem Casa, Quer Casa (1847).