José Celso
Martinez Corrêa, é hoje seu principal diretor. O Oficina reuniu
grandes artistas que passaram em seus diferentes palcos, como Etty Fraser, Maria Alice Vergueiro (Tapa na pantera), Leona Cavalli, ao longo de
suas décadas de existência.
O Teatro Oficina
distinguiu-se por ter sido local de grande parte da experiência cênica
internacional, que reuniu de Brecht, Sartre ao Living Theatre. Foi neste lugar
que foi lançado um dos importantes manifestos da cultura brasileira, o
Tropicalismo, versão na década de sessenta do movimento antropofágico de Oswald de Andrade. Este influenciou músicos,
poetas e outros artistas. O Rei da Vela, em 1967,
atuada por outro importante elemento desta companhia, Oficina, Renato Borghi,
junto com Itala Nandi e Fernando Peixoto. Segundo Renato Borghi "A
dramaturgia bombástica me fazia sentir atuando dentro da raiz e da alma
brasileira; nesta peça, o Oswald falava do Brasil de uma forma antropofágica,
devorando o que gente tinha de bom e de péssimo. O Oswald pegou o Brasil por todos
os lados, devorou-o e depois o cuspiu no palco. E eu assinei em baixo, com
sangue, suor e lágrimas...".
Houve um incêndio no
Teatro Oficina, em 31 de maio de 1966. Depois desse episódio o espaço cênico
mudou. Antes era chamado de sanduíche: um palco, com platéia de um lado e do
outro. Depois torna-se um palco italiano, com uma roda giratória grande.
O Rei da Vela foi o primeiro espetáculo que estreou no novo
espaço (Balbi, Marilia. Depoimento: Fernando Peixoto: Em Cena Aberta].
Onde a o palco giratório desempenhou um grande papel na encenação. Seu formato
foi finalmente transformado na década de 1990 onde
foi transformado em um espaço passagem, como se fosse uma rua com a platéia dos
dois lados, em duas fileiras de cadeiras, em andares.
Este novo Oficina foi
tombado pelo Condephaat em 1982,
e foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, italiana radicada brasileira, transformando-o em um teatro-pista, com parede
de vidro em um dos lados, teto (retratil),
sendo sua arquitetura vencedora da Bienal
de Praga em 1999. A mesma arquiteta
desenhou dois edifícios emblemáticos na cidade de São Paulo. O famoso prédio do MASP -Museu de Arte de
São Paulo, um edifício que parece flutuar no ar, devido seu imenso
vão livre e o SESC Fábrica da Pompéia, onde buracos nas paredes nos andares
superiores, e passarelas interligando andares, tentam amenizar qualquer
sensação de claustrofobia que um edifício numa cidade como São Paulo pode
causar.
Atualmente, o maior
projeto de Zé Celso é
construir um Teatro de Estádio no Bairro do Bixiga em São Paulo, onde também
estaria funcionando uma escola para as crianças e moradores do bairro,
realizando o antigo vislumbre da Ágora.
O Grupo tem uma
trajetória que ultrapassa os limites estéticos, passando por várias formas de interpretação,
gestão e arquitetura. Uma das
últimas montagens do Oficina foi a adaptação de "Os Sertões", de
Euclides da Cunha, para o palco, que recriou a Guerra de Canudos (1896-1897) e
apresentada como está no livro, em 3 partes: a Terra, o Homem (I e II) e a Luta
(I e II). A peça foi apresentada no Festival de Teatro de Recklinghausen,
na Alemanha, e na Volksbühne de Berlim. A saga
sertaneja iniciada em 2001, em toda a sua extensão tem 25 horas de encenação,
em um dos projetos mais ousados das artes cênicas mundiais.
A montagem da obra de
Euclides da Cunha faz referência à resistência do grupo contra o projeto de construção
de um shopping center, nos arredores do teatro Oficina, pelo Grupo Silvio
Santos. Além de, em todas as peças, fazer uma ponte irônica entre a guerra de
Canudos e os acontecimentos do momento, como o Papa Bento XVI, a invasão do
Iraque, o mensalão e os ataques do PCC.
Sua última montagem,
em 2008, foi "Os Bandidos", baseado na obra "Die Räuber" de Schiller e também abordava a resistência
do grupo contra o grupo Silvio Santos.
Estão entre as
principais montagens do Grupo textos de Eurípedes, Shakespeare, Antonin Artaud, Nelson Rodrigues, Jean Genet, entre outros.
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