Mais que um grupo ou uma
companhia, o Teatro de Arena foi fundado na cidade de São Paulo, em
1953, como uma alternativa à cena teatral da época. A intenção de um dos seus
fundadores, o ator e diretor teatral José Renato,
advindo da primeira turma da Escola de Arte Dramática de São Paulo era apresentar produções de baixo
custo, em contraposição ao tipo de teatro que se via praticado pelo TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, (um
repertório iminentemente internacional, com produções sofisticadas).
Em 1953, com o primeiro
elenco profissional,
a companhia estréia nos salões do MAM – Museu de Arte Moderna com Esta
Noite é Nossa, de Stafford Dickens. Integram a companhia: José Renato, Sérgio Britto,
Henrique Becker, Geraldo Mateus, Renata Blaunstein e Monah Delacy.
Após dois anos de atuação em espaços improvisados, a sala da Rua Theodoro
Baima, no centro da cidade, em frente a Igreja da Consolação, uma garagem
adaptada, foi inaugurada em (1955).
Foi a chegada de um jovem
ator, egresso do Teatro Paulista
do Estudante, que salvou o Arena – prestes a fechar suas portas por
questões econômicas. Esse jovem ator e dramaturgo, apesar de italiano, tinha
sérias convicções sobre o teatro que se deveria fazer no Brasil. O ano era
1958, a peça Eles Não Usam Black-Tie e o jovem autor, Gianfrancesco Guarnieri. O sucesso de Black-Tie, mais de um ano em
cartaz, abriu espaço para o surgimento de um movimento que constituiu-se no Seminários de Dramaturgia,
que tinha por objetivo revelar e expor a produção de novos autores brasileiros.
Daí, destacaram-se: Oduvaldo Vianna Filho (o Vianninha) e Flávio Migliaccio entre outros.
Augusto Boal,
recém chegado dos Estados Unidos, foi o diretor e dramaturgo central neste
processo. A partir daí, além de buscar uma dramaturgia nacional, passou a
incentivar a nacionalização dos clássicos. Nessa fase o Arena passa a contar
com a colaboração assídua de Flávio Império na criação de cenários e figurinos.
A fase seguinte foi a dos
musicais, com forte influência do teatro de Bertolt Brecht,
com espetáculos como Arena conta
Zumbi eArena conta Tirandentes,
ambos de Boal e Guarnieri, utilizando o que foi chamado por Boal de sistema coringa de atuação, em que todos os atores
revezavam-se representando quase todos os personagens, sem caracterização. A
forte repressão da Ditadura Militar instaurada a partir de 1964, que culmina com o
Ato Institucional nº 5, o AI-5, impedem a
continuidade destas experiências.
Uma das últimas atividades
da companhia, foram com experiências como o Teatro
Jornal. A trajetória do Arena é interompida pela Ditadura em 1972.
Foi na excursão carioca de Eles Não Usam Black-Tie que Oduvaldo Vianna Filho e Milton Gonçalves saem da companhia e fundam, em 1961, o
movimento dos CPCs - Centros
Populares de Cultura, junto à União Nacional dos Estudantes - UNE. O próximo a romper com o Arena
foi o diretor José Renato, que mudou-se para o Rio de Janeiro em 1962 para
assumir a direção doTNC – Teatro
Nacional de Comédia.
Em 1968 e 1969
Gianfrancesco Guarnieri desliga-se do Teatro de Arena, deixando a tarefa nas
mãos de Augusto Boal. Uma das atividades do Arena foi uma excursão
internacional (Nova Iorque, Berkeley, São Francisco, Kent, Cleveland, Kansas
City, Búfalo, Chapaqua), Perú (Lima) e Mexico (Puebla, Guanaguato, Guadalajara,
Monte Rei, Leon, São Luis de Porto Si e Morela), com os espetáculos Arena Conta Zumbi, de
Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, e Arena
Conta Bolívar, de Augusto Boal, em 1970(Foto de Cartaz em
Peixoto Depoimento: Em Cena Aberta).
No ano de 1971, quando
montava o texto Arena Conta
Bolivar, que veio a ser proibido, Augusto Boal é preso e depois segue para
o exílio. As últimas produções do Arena foram realizadas pelo Núcleo 2 do Arena
a partir de 1969. Nesse momento, o Arena passa às mãos de seu administrador, o também
ator Luiz Carlos Arutin.
Os dois últimos
espetáculos da companhia foram Tambores
da Noite, de Bertolt Brecht, e A
Semana - Esses Intrépidos Rapazes e Sua Maravilhosa Semana de Arte Moderna,
de Carlos Queiroz Telles em 1972, apresentados pelo Núcleo 2 do Teatro de Arena.
Formado por Edson Santana, Celso Frateschi,
Margot Bairdi, Dulce Muniz, Denise Del Vecchio, Renato Dobal, Abraão Farc, Antonio Pedro.
Estes espetáculos foram apresentados no Teatro São Pedro (sala pequena) e
dirigidos por Fernando Peixoto(Fernando
Peixoto, Depoimento Em Cena Aberta).
O Arena fecha suas portas como
companhia em 1972 e o espaço é comprado pelo extinto SNT – Serviço Nacional
de Teatro, no ano de 1977. A partir dos anos 1990 e com o nome de
Teatro Experimental Eugênio Kusnet,
a velha sala da Rua Teodoro Baima abriga elencos de pesquisa da linguagem
teatral que vêm somar-se à efervescência cultural daquela região (Praça Roosevelt e adjacências).
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